Lei garante isenção de taxa de inscrição em corridas de rua para pessoas com deficiência

Norma visa incentivar prática esportiva e promover inclusão social. – Fotos: Nonato Sousa | SupCom/ALE-RR

Para contribuir com a atividade esportiva e inclusão social de pessoas com deficiência, a Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) criou e aprovou a Lei nº 2.035/2024, que dispõe sobre a isenção de taxa de inscrição para esse público em eventos esportivos no Estado, a exemplo das corridas de rua, que se tornaram um hábito para a população roraimense.

Deyse Arruda é deficiente visual.

De acordo com a norma, os eventos esportivos públicos ou com apoio de recursos públicos, como caminhadas, corridas e maratonas, deverão garantir a isenção da inscrição para atletas com deficiência. Além disso, a lei prevê que os atletas-guias, responsáveis pelo acompanhamento das pessoas com deficiência, terão direito a um desconto de 50% na inscrição, limitado a um guia por atleta deficiente.

As categorias de deficiência que fazem jus à isenção são diversas, incluindo pessoas com deficiências física, visual, auditiva ou intelectual. A participação desses atletas deve ser acompanhada por documentação médica que comprove a condição.

A servidora pública Deyse Arruda tem retinose pigmentar, perdeu a visão total do olho direito e percebe vultos por meio do olho esquerdo. Possível beneficiária direta da lei, ela afirmou que buscou as corridas de rua para se livrar do sedentarismo e encontrar bem-estar.

João Batista Filho começou a correr há dois anos.

“A importância disso está em sair da zona de conforto. Quando corremos, não só melhoramos nossa saúde física e mental, mas também ganhamos incentivo. Ainda não fui beneficiada pela lei, mas a isenção de taxas vai ajudar muito, especialmente para quem não tem condições de arcar com os custos, como equipamentos e roupas adequadas para as corridas”, afirmou a corredora.

No mesmo grupo, está o aposentado João Batista Filho, que possui um problema na retina, o qual o deixou com 20% da capacidade de enxergar. Ele começou a praticar corrida há dois anos e ressalta que deficiência e esporte são duas realidades complementares.

“É de suma importância que todos pratiquem atividade física, especialmente os atletas PcD [pessoa com deficiência]. Infelizmente, muitos ainda evitam se exercitar, o que pode acarretar problemas de saúde e outras dificuldades. A prática de atividades físicas contribui para o bem-estar, melhora a saúde mental e física e fortalece as amizades. Para mim, vejo somente benefícios”, aconselhou o aposentado.

Para realizar essas atividades, o auxílio da guia de corrida Gerliene Teixeira é fundamental. Ela também se beneficia da lei estadual, mas revelou que a satisfação vem mais do que ser os “olhos” dos parceiros de corrida.

Ricardo Rodrigues é coordenador do grupo de corrida “Jabuti do Lavrado”.

“Com certeza, é muito amor pela corrida. É uma experiência extremamente gratificante. Foi algo indescritível, maravilhoso a primeira vez que fui guia. Eu sou guia por paixão, porque gosto de estar com eles. A alegria que compartilho com eles é algo único e especial”, disse Gerliene.

Todos esses atletas participam do grupo de corrida Jabuti do Lavrado, que possui mais de mil atletas, sendo 10 deles com alguma deficiência e 25 guias. O coordenador da organização, Ricardo Rodrigues, relatou que a inclusão desses corredores rende boas lições de vida.

“A inclusão nos traz muita alegria. Às vezes, há um certo receio de aceitar, mas, com o tempo, percebemos que as dificuldades enfrentadas pelos atletas com deficiência só mostram o quanto eles são mais fortes. A convivência nos ensina que, ao aceitar e entender essas diferenças, crescemos todos juntos”, concluiu.

Anderson Caldas

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