Março Roxo: lei aprovada na ALE-RR contribui para informar população sobre epilepsia

Casa Legislativa criou e aprovou projeto de lei que instituiu campanha estadual. – Fotos: Marley Lima |Nonato Sousa | Reprodução da TV Assembleia

A campanha “Março Roxo” pretende informar e mobilizar a população sobre os cuidados referentes à epilepsia, doença que altera a atividade das células nervosas do cérebro, causando perda da consciência e convulsões. A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) participa do movimento mundial ao criar e aprovar projeto que originou a Lei nº 1.737/2022, que institui a campanha em nível estadual.

De autoria da deputada Catarina Guerra (União), a matéria inclui a campanha no calendário de eventos do Estado e tem o intuito de informar, conscientizar e envolver a sociedade civil sobre a epilepsia. O texto traz ainda a possibilidade de parceria público/privada para concretização dos objetivos da lei.

“Esta doença tem uma repercussão social estigmatizada, causando discriminação e preconceitos àqueles que enfrentam tal enfermidade. Desta forma, a nossa intenção é justamente combater o preconceito por meio da disseminação de informações, divulgando o conhecimento, bem como apresentar as formas de tratamento e prevenção da epilepsia”, declarou a parlamentar, ao justificar a criação do projeto de lei.

Grayce Maia

Quem sabe da relevância do conhecimento da doença é a social media Grayce Maia. Ela descobriu que tinha epilepsia aos 14 anos, quando ocorreu a primeira crise convulsiva.

“Soube da doença e não queria aceitá-la. Naquele momento, não tinha o conhecimento de que se houvesse uma crise mais grave, maior era a probabilidade de ocorrer um dano cerebral. Entretanto, com mais informações e menos preconceito, hoje tenho mais consciência sobre a epilepsia, tomo minha medicação direitinho e há três anos não tenho convulsões”, declarou Grayce.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a epilepsia afeta cerca de 50 milhões de pessoas no mundo e aproximadamente 2% da população brasileira. A doença é caracterizada por uma modificação temporária e reversível do funcionamento do cérebro, sendo identificada por um exame denominado eletroencefalograma. O tratamento da doença é feito integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Izabella Marques

Izabella Marques, médica neurologista da ALE-RR, informou como identificar a doença, relatando os sintomas mais comuns. “As convulsões são as mais conhecidas, em que a pessoa às vezes cai ao chão, se bate e pode até babar. Entretanto, a manifestação da doença pode ser localizada e motora, em que a pessoa fica piscando os olhos ou braço e as pernas ficam tremendo”, disse.

A médica faz ainda um alerta para a investigação das crises convulsivas, pois podem apresentar alguma enfermidade mais grave e, portanto, necessitar de um tratamento mais especializado.

“Quando alguma pessoa apresenta uma crise, é importante que ela seja levada a um serviço de emergência para uma investigação. Afinal, a crise epiléptica pode ser o primeiro sinal de uma doença mais grave, a exemplo da meningite ou algum tumor”, destacou Izabella.

Como proceder em uma crise convulsiva?

O tenente Lucena, do Corpo de Bombeiros de Roraima (CBMRR), apresentou algumas informações sobre como realizar um primeiro atendimento, no caso de presenciar uma pessoa em crise de convulsão. Conforme o militar, alguns cuidados preliminares nesse momento podem salvar vidas.

“A primeira coisa para se fazer é afastar os objetos que estão em volta das pessoas e proteger a cabeça. Em um segundo momento, deve-se colocar essa pessoa de lado, para evitar que ela, com os próprios líquidos que tem na boca, a exemplo de saliva e outros fluidos, tenha a respiração comprometida”, aconselhou o militar.

O tenente ainda recomenda algumas ações que não devem ser adotadas durante uma crise convulsiva. “Lembro que algumas medidas têm de ser evitadas, como tentar puxar a língua da pessoa ou inserir algum objeto na boca. Às vezes, na tentativa de achar que está salvando, pode estar obstruindo ainda mais as vias aéreas dessa pessoa, além de você correr um risco de ter uma lesão nos dedos ou alguma coisa parecida”, declarou.

Após os primeiros atendimentos, é necessário contatar os serviços de emergência. Para isso, basta ligar para os Bombeiros por meio do número 193 ou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pelo 192.

Anderson Caldas

 

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