Aumento na população de javalis e javaporcos traz riscos sanitários e econômicos para Roraima

Animais se concentram principalmente nas áreas de lavrado, nos grandes campos com enormes faixas de buritizais. – Fotos: Ascom/Aderr

O aumento de javalis e javaporcos em Roraima tem trazido preocupação aos técnicos da Aderr, pois eles são vetores da peste suína clássica, peste suína africana e febre aftosa, doenças capazes de causar grandes prejuízos econômicos e sanitários para o Estado e para o País. Além disso, eles têm um comportamento destrutivo podendo acabar com uma lavoura em pouco tempo.

Esses animais se concentram principalmente nas áreas de lavrado, nos grandes campos com enormes faixas de buritizais, onde eles encontram abrigo e alimentação fácil.

Em algumas regiões do Estado, como no Taiano, em Alto Alegre, não é raro os relatos de produtores com prejuízos econômicos em suas produções agrícolas, o que comprova mais uma vez o crescimento populacional desses animais em áreas de produção de grãos.

O aumento da produção do agronegócio, como soja e milho, que são ótimas fontes de alimento para eles, segundo Murilo Dias, chefe do Programa de Suinocultura da Aderr (Agência de Defesa Agropecuária), tem favorecido o crescimento da população desses animais. Um aumento proporcional à área plantada. Nessas plantações, esses animais têm causado prejuízo aos produtores.

Dias enfatizou que não é raro os produtores procurarem as Unidades de Defesa Agropecuária (UDA’s) para relatarem prejuízos econômicos em suas lavouras e produções agrícolas por parte desses animais.

“Em meados de 2013, houve alguns boatos da introdução do javali no Estado, o que pode ser confirmado hoje em 2022, com fotos de animais abatidos com as características do javali europeu, principalmente pela pelagem mais grossa e densa, focinho comprido, cauda caída, e os filhotes serem rajados de marrom e branco, o que não é observado nos porcos ferais”, ressaltou Murilo Dias.

Javali e javaporco

Os javalis foram trazidos da Europa, Ásia e Norte da África, com o objetivo de produzir carne para o consumo humano. Isso há mais de 100 anos. Mas o problema foi criado a partir do momento que os javalis fugiram dos chiqueiros e começaram a procriar com porcos domésticos.

Desse cruzamento surgiu um animal híbrido, o javaporco, que chega a pesar 100 quilos, enquanto o javali pesa 80 quilos, e tem uma capacidade de proliferação grande.

O javaporco virou uma ameaça que vai deixando um rastro de destruição, pondo para correr os animais nativos, destruindo campos, florestas, e nascentes, causando danos irreparáveis ao meio ambiente.

Em estado de alerta

O governo de Roraima, por meio da Aderr, com o Programa de Sanidade Suídea da Agência, está em estado de alerta e intensificando ações para que haja o controle populacional desses indivíduos, já que os mesmos são vetores para doenças, que são de caráter de notificação obrigatória para o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

O Programa Nacional de Sanidade Suína da Agência de Defesa Agropecuária do Estado de Roraima vem se preparando e já articula ações para uma atuação mais contundente no controle e monitoramento no campo desses animais ferais.

De acordo com Murilo Dias, as ações consistem na coleta de sangue dos animais abatidos, que serão encaminhadas para os laboratórios competentes, com o objetivo de descartar ou não a presença destas doenças de notificação obrigatória. Esse procedimento é feito em alguns estados do Brasil, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás.

“O controle populacional desses animais se dá pelos Controladores de Fauna Exótica, que devem estar devidamente cadastrados no Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis], ou se for com arma de fogo devem, também, estar registrados junto ao Exército Brasileiro e ligados a um clube de tiro, portando todos os documentos exigidos por estes órgãos e as guias e certificados de registros das armas utilizadas.”

Elias Venâncio

 

 

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